Twin Peaks - O retorno: Tem fogo?
Por Marcelo Ramos
Fonte: Metro Jornal |
Twin Peaks - O retorno é a terceira temporada da série de David Lynch e Mark Frost, lançada em 2017, produzido pela Showtime e lançado, no Brasil, pela Netflix. Dando continuidade aos eventos da série original, The Return foi lançada 25 anos após a segunda temporada, um hiato enorme. Apesar disso, a série foi um grande sucesso, trazendo de volta a maior parte do elenco original, além de novos personagens maravilhosos.
Maior, mais confusa, mais sombria, mais dramática e mudada, mas essencialmente Twin Peaks, a terceira temporada é mais parecida com um filme de 18 hrs, como Lynch gosta de ver. E faz sentido. O ritmo é muito bem construído, dando mesmo a impressão de que o que vemos é mais um filme que uma série. Cheia de mistérios e respostas, The Return tinha as peças que faltavam para nos ajudar com o grande mistério que vinha sendo construído, mas sem deixar de lado aquelas brechas para teorias e interpretações. E isso combinou muito com a obra de Lynch, que parece agora totalmente confortável e liberto para realizar aquilo que quer.
E ele consegue, ao que parece. O começo do primeiro episódio já é intrigante, fazendo o espectador se perguntar o que está havendo, como fomos parar tão longe? É preciso ter-se um pouco de paciência para entender, e isso foi desagradável para muitas pessoas. Particularmente, não me incomodou. As obras de Lynch raramente entregam respostas mastigadas, tramas comuns ou banais, e conforme vamos avançando, percebemos que as peças vão se encaixar, que as dúvidas vão ser sanadas com o tempo. Assim, o início do primeiro episódio vai ser respondido no último, por exemplo. Basta ter paciência.
Como eu não me canso de dizer, Lynch é um verdadeiro gênio. Sua habilidade em contar histórias é tão grande que mesmo uma pausa de 25 anos não parece ser totalmente inexplicável, já que se liga com a fala de Laura no fim da segunda temporada: vejo você em 25 anos. E, claro, o tempo passou. As pessoas envelheceram, se mudaram, algumas morreram, algumas nasceram, e aquela Twin Peaks não é mais a mesma que vimos, algo ousado da parte de Lynch, que apostou alto fazendo com que as mudanças ocorressem. Também há mudanças geográficas, pois dessa vez não estamos mais apenas em Twin Peaks, mas sim em um cenário bem mais amplo, sendo que boa parte das cenas se passam fora da cidadezinha. E não se assustem, pois isso funciona muito bem, é necessário haver tal crescimento em cenário, pois a história também cresceu em escala.
Muito além de uma série, filme ou qualquer outro padrão, The Return é uma experiência visual magnífica. Vide, por exemplo, a Parte 8, que é uma das melhores coisas que eu já vi na minha vida. Apesar de ter alguns problemas, isso não diminui a qualidade da temporada como um todo, culminando em um final que dividiu opiniões, gera teorias até hoje e, até o momento, é o final da série. Provavelmente, nunca teremos uma resposta, mas, nas palavras de Lynch: "O que importa é o que você acredita que aconteceu". E tudo bem não haver uma resposta clara. O final é genial justamente por isso. Não consigo pensar em um final melhor para uma jornada como essa.
série do milênio !
ResponderExcluirSiiiiiiiiiim
Excluir