Twin Peaks - Segunda temporada: As corujas não são o que parecem

Por Marcelo Ramos
Fonte: Público


A segunda temporada de Twin Peaks foi lançada em 1991, ainda sob comando de David Lynch e Mark Frost. Com o excelente elenco mantido intacto, a série volta com 22 episódios, quase o triplo do número de episódios da primeira temporada. 

E esse fato trouxe à série um ar diferente, abriu novos caminhos para os desenvolvedores da série, deu chance para novas histórias, mas também prejudicou o ritmo da história. Isso porque, com o grande número de episódios, os criadores tiveram de preencher espaços, e surgiram fillers que não funcionaram muito bem, seja pela falta de uma boa construção, seja pela quebra no ritmo da série. Alguns bons exemplos são os arcos de James e da Serraria, ambos tão tediosos que é tentador parar de assistir em tais momentos. A perda de ritmo fica ainda mais evidente após a revelação do assassino, na metade da temporada. Após um episódio único, um dos ápices da temporada, é difícil recuperar o ânimo, mas, por sorte, Lynch e Frost conseguem.

Ainda mais misteriosa e intrigante (e ambiciosa), o mistério da primeira temporada continua, mas dessa vez, com toda a trama já estabelecida, e Lynch, com o da caminho da história já c planejado, é algo mais fluído, não existem tantas enrolações nos núcleos principais e há um crescimento escalar de importantíssimos. A revelação do assassino é surpreendente, mas sem perder o sentido, e rende alguns dos melhores episódios de toda a série.

Além disso, há tramas secundárias muito boas, como a de Nadine, que é, no mínimo, inusitada. a de Norma e Ed, entre outras. Boa parte disso é por conta do elenco, extremamente talentoso, e carismático. 

Dessa forma, a história como um todo tem uma progressão muito boa. Desconsiderando os fillers lentos e o número talvez desnecessariamente grande de episódios, temos uma temporada tão boa quanto a anterior, com destaque para os mistérios e suas resoluções, tão intrigantes que é impossível descrevê-los. Twin Peaks é algo que deve ser visto com os próprios olhos, algo que deve ser apreciado por cada um, e apesar de ser uma jornada difícil, é uma jornada que vale a pena. 

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