Espada de Vidro: Sangue e prata

Por Marcelo Ramos

Fonte: Disal

Espada de Vidro, sequência de A Rainha Vermelha, lançado em 2016, por Victoria Aveyard. Muito bem recebida pelo fandom da série, o livro fez um grande sucesso entre o público, com uma narrativa mais sombria e violenta que a do primeiro livro, o que não é ruim, e funcionou bem com o tom do livro.

Mare segue como principal protagonista. Quer dizer, mais ou menos. Ela ainda é o único ponto de vista do livro, mas temos outros protagonistas muito importantes. Tais personagens são cativantes, em maioria, salvo um ou outro que se tornam meio repetitivos no meio do livro. Mare, como foco da história, tem altos e baixos, mas é uma excelente protagonista, com um crescimento assustador, e muito bem construído. Chega um momento em que nossos questionamentos sobre seus atos se tornam tão fortes que é quase impossível não sentir certo ressentimento da garota.

O enredo continua excelente, uma aventura em um mundo devastado e dividido, marcada por guerras e uma segregação destrutiva, na qual Mare vai em busca de ajuda para a rebelião vermelha. Um dos pontos que mais me agradaram foi o modo como a rebelião foi construída, não sendo 100% boa, nem 100% ruim. É um movimento humano e falho, muitas vezes violento, egoísta e inconsequente, mas representando uma luta justa em busca de igualdade. Conforme a narrativa progride, vemos que tanto vermelhos quanto prateados, são seres humanos, com dores, sentimentos, erros, traumas. Ambos só querem proteger aquilo que lhes é importante. E toda essa dualidade é um dos fatores mais atrativos do livro, que mais me agradou. 

Victoria consegue nos entregar uma trama tanto política, com escolhas morais difíceis, luta de classes, segregações, assassinatos, guerras, golpes; e ao mesmo tempo humana, com sofrimentos, dores, sentimentos, relações, conflitos, ética, moralidade. Talvez o único grande problema da narrativa seja a falta de desenvolvimento para Elara, uma das vilãs mais importantes do livro, que não possuiu muito espaço nestes dois livros, servindo apenas como um ser que está ali apenas como uma ameaça a ser superada. 

Apesar disso, os demais personagens foram muito bem desenvolvidos, com destaque para  Farley e Mare, que tiveram arcos muito bons, se tornando duas das melhores do livro. Como um segundo capítulo de uma saga, Espada de Vidro é um livro excelente, um grande salto em relação ao primeiro livro, e vale a pena conferir, especialmente os fãs da literatura fantástica.

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